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sexta-feira, 2 de abril de 2010 Na tristeza com que se sentia envolvido, olhou para a filha doente, que gemia no leito pobre. A esposa dormia e ele se preparou para sair antes que ela despertasse. Seu rumo era o mercado, onde ele recolhia os frutos desprezados por aqueles que têm em demasia e desconhecem a dor do estômago vazio. Um movimento inesperado, no entanto, lhe chamou a atenção. Eram gritos, correria. O povo se acotovelava formando um cortejo barulhento.Soldados da Roma dominadora e audaciosa conduziam um condenado à morte. O homem parou a observar aquela cena e pensou que aquele prisioneiro era mais infeliz do que ele próprio.Suas dores eram morais: doíam por dentro. Mas aquela criatura se apresentava machucada, sem forças, a carregar sobre os ombros um madeiro bruto e pesado. Seus passos eram vagarosos, como num compasso de sinfonia fúnebre. Arcado, a túnica que vestia se arrastava pelo chão, embaraçando-lhe os pés, dificultando-lhe, ainda mais, o caminhar.O cireneu estava extático. O homem estava sendo conduzido para o terrível suplício da cruz. Era, sim, muito mais infeliz que ele próprio. Nisto, a voz áspera de um dos soldados lhe ordenou auxiliar o condenado que caíra. Não que o soldado se condoesse da sua dificuldade. É que tinha pressa de se desvencilhar daquela tarefa. O homem foi praticamente jogado para debaixo daquela madeira bruta, cheia de farpas. Colocou o ombro ao lado do condenado e suspendeu o peso. Sentiu uma dor profunda nos ombros e o olhar do auxiliado o penetrou. Eram dois olhos de luz estampados numa face de sofrimento.Jamais o cireneu haveria de esquecer aquele olhar. A dor do ombro aumentava. Logo adiante, o prisioneiro voltou a tropeçar e cair e as chicotadas da brutalidade o fizeram levantar-se. Um pouco mais de tempo e o cireneu livrou-se do peso. Agora o madeiro se transformara na cruz erguida para crucificar o condenado. Aquele homem de Cirene, conhecido como cireneu, aguardou que a morte do crucificado se consumasse. Algo nele o atraía, magnetizava-o. Quando tudo terminou foi para casa e, porque chegou de mãos vazias, a esposa o repreendeu. Ele não revidou.Uma paz diferente tomava conta dele. A filha veio correndo e o abraçou:Estou boa, papai! O homem recordou aqueles dois olhos azuis que agradeceram seu auxílio, sem nada dizer. Um perfume sem igual penetrou o lar pobre. A mulher se enterneceu. Uma delicada e sutil presença podia ser sentida pelos três. A vida do cireneu se transformou. Apesar das lutas e dissabores, nunca mais o fantasma do desespero fez morada em sua casa. Curioso, no dia seguinte, foi perguntar a respeito da identidade do condenado. Descobriu que ele se chamava Jesus de Nazaré. Rascunhado por Rascunhos em Vida às 02:03 0 Comentários
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Navego em um mar de emoções... e vou deixando um rascunho enquanto viva... Passar a limpo? Nem pensar... Agradeço tua visita. Paz profunda!
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Tempo que Foge "Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente,
mas percebendo que faltam poucas,
rói o caroço. Links Amigos
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